Disjunção Cirúrgica
por Ronaldo RETTORE Jr.
1 – Introdução
A respiração é um dos fenômenos vitais para o organismo. A partir do momento em que ela é dificultada, instala-se um mecanismo compensatório em toda a estrutura facial sendo que a cadeia cinética cefálica altera a sua fisiologia.
A respiração normal, também chamada de respiração nasal, é aquela em que o ar adentra pelo nariz sem esforço e com o selamento simultâneo da cavidade bucal. De acordo com a teoria da matriz funcional de Moss, a passagem normal de ar pelas fossas nasais durante a respiração compreenderia um estímulo constante para o crescimento lateral da maxila e para o abaixamento da abóbada palatina, uma vez que ocorre uma pressão negativa entre a língua e o palato duro no momento da inspiração.
Nos casos em que a respiração é bucal, a língua é projetada para permitir a passagem do fluxo de ar gerando diversos distúrbios para o indivíduo, o que levou Ricketts em 1958, a descrever a síndrome do respirador bucal. A falta de crescimento transversal da maxila que fica submetida às forças centrípetas da musculatura da mímica facial gera uma atresia maxilar, hipodesenvolvimento do maciço nasomaxilar, elevação da abóbada palatina e apinhamento com protrusão dos dentes anteriores.
2 – Avaliação Respiratória
No final do século IX, os otorrinolaringologistas começaram a se interessar pelo estudo da expansão da maxila devido a observações de que esse procedimento poderia auxiliar a melhoria da respiração em pacientes portadores de atresia maxilar. No âmbito da ortodontia, a discussão era acerca do tipo de expansão mais indicada, a rápida ou a lenta.
3 – Indicação da Expansão
De acordo com Epker e colaboradores, a expansão da maxila está indicada quando a discrepância óssea transversal for maior do que 6 mm. Considera-se que até os 18 anos de idade, de modo geral, há possibilidade de expansão ortodôntica da maxila, sem cirurgia, devido à não consolidação da sutura palatina.
Após esta idade, apesar de alguns profissionais conseguirem, em raríssimos casos, a expansão somente com a ortodontia, a disjunção cirúrgica da maxila está indicada como coadjuvante para o tratamento destas deformidades.
4 – Técnica Cirúrgica
Existem várias técnicas descritas para a expansão cirúrgica da maxila, incluindo a Osteotomia Le Fort I. Há uma tendência em se buscar um procedimento com menor morbidade que consiga promover a disjunção cirúrgica com eficiência. Dessa forma, uma técnica conservadora é aquela onde realiza-se uma osteotomia nos pilares zigomáticos, pilares caninos e na sutura palatina até a espinha nasal anterior. Na osteotomia mediana, o cirurgião realiza a palpação com o dedo para sentir a localização do cinzel até atingir aporção posterior do palato.
Após as osteotomias, ativa-se o disjuntor até observar o aparecimento do diastema interincisivos, o que garante que ocorreu efetivamente a disjunção. A ativação do disjuntor poderá ser iniciada 24 horas após o procedimento cirúrgico e deverá ser finalizada antes de 15 dias, a fim de que a formação fibro-óssea não dificulte o movimento de disjunção.
A grande vantagem desta modalidade é a sua simplicidade assim como os benefícios com total previsibilidade, diminuindo o tempo de tratamento e os riscos de perda dentária por inclinação vestibular decorrente da tentativa da expansão sem a cirurgia.
RONALDO RETTORE JÚNIOR
Especialista e Mestre em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial – PUC-RSDoutorando em Implantodontia – SLMandic – SPCoordenador do Curso de Especialização em Implantodontia do CEOIPSEMGCoordenador do Curso de Especialização em Implantodontia do CEFOS-UNINGÁAutor do Livro Emergências OdontológicasProfessor e Coordenador de Cirurgia da Unincor – Betim.