Qual a história dos Enxertos Ósseos?
A reparação e a reconstrução de defeitos ósseos têm uma longa história. Os cirurgiões do período pré-incaico, em 3.000 a.C., já usavam conchas e placas de ouro e prata para o fechamento de orifícios de trepanação craniana. A trepanação – remoção de uma secção óssea circular da calota craniana – é a intervenção cirúrgica mais antiga de que se tem conhecimento. Em 1821, Philip Walter utilizou enxertos ósseos autógenos (do próprio paciente) para reconstrução de defeitos ósseos, sendo considerado o primeiro cirurgião a empregar esta técnica. O termo “auto-enxerto” define transplante de tecido ósseo de uma determinada área para outra em um mesmo indivíduo. O transplante ósseo é um procedimento cirúrgico de rotina desde o início da década de 1920.
O que é Enxerto Ósseo?
Na concepção moderna dos implantes dentários, estes são inseridos juntos ao osso alveolar, na chamada osseointegração. Dessa forma, é importante ter osso para a instalação do implante. Na maioria das perdas dentárias, ocorre algum tipo de perda óssea associada. E, para repor esta perda existem as cirurgias de reposição óssea ou cirurgia dos Enxertos Ósseos. Esta reposição poderá ocorrer tanto no sentido horizontal (esquerda) quanto no sentido vertical (direita), pois a atrofia (perda) óssea ocorre em ambos os sentidos.
Quais os tipos de Enxerto Ósseo?
Existem basicamente 03 origens diferentes de osso a ser enxertado:
- Osso autógeno (autólogo): É o osso que tem como origem o osso do próprio paciente. Isto quer dizer que ele será retirado de outras partes do organismo chamadas de áreas doadoras. Existem áreas doadoras intra-bucais e extra-bucais. O que irá definir se o osso retirado será de dentro da boca ou de uma área fora da boca é a quantidade exigida para reposição óssea. Uma área referente até quatro dentes ausentes, pode ser recomposta com osso autógeno de área doadora intra-bucal. Áreas maiores do que quatro elementos dentários ausentes requerem zonas de doação em outra parte do organismo do paciente. Geralmente, as áreas de eleição são crista ilíaca (bacia) ou calota craniana (cabeça). Outras áreas também podem ser usadas apesar de não terem tanta disponibilidade de quantidade óssea quanto estas citadas acima.
- Osso homógeno (homólogo): É o osso que tem como origem o osso de outra pessoa. Isto quer dizer que o osso é de um doador não vivo (cadáver). Geralmente, os bancos de ossos (osso homógeno) devem ser credenciados junto à ANVISA e não podem comercializar, ou seja, não podem vender, pois é proibida a venda de órgãos no Brasil. A aprovação pelo Ministério da Saúde e ANVISA, por meio da RDC n.º 220 de 27 de Dezembro de 2006, regulamenta a utilização do Banco de Tecidos para o cirurgião-dentista. Devem ser realizados testes imunológicos que irão definir a ausência de contaminação bacteriana, virótica ou de qualquer outro microorganismo
- Osso heterógeno (heterólogo): É o osso que tem como origem o osso de doador de outra espécie (não humano). Normalmente, a origem é bovina (animal boi). Vários fragmentos de osso bovino, tanto na área externa quanto interna (cortical e medular) que são esterilizados e processados para uso odontológico. São comercializados tanto como blocos porosos quanto particulados.
Quais as vantagens do Enxerto Ósseo Autógeno?
Dentre os 03 modelos disponíveis, cada um deles apresenta vantagens e desvantagens. Entretanto, baseando-se em revisão da literatura recente, as pesquisas são unânimes em afirmar que o osso autógeno é considerado “Padrão Ouro”, não sendo superado por nenhum outro tipo de biomaterial (material usado no organismo). Dessa forma, apesar de apresentar como única desvantagem a necessidade de se ter outra área cirúrgica, chamada de área doadora, o osso autógeno é o melhor material de escolha para recomposição das perdas ósseas alveolares, principalmente se a intenção é preparar o leito para recebimento de implantes dentários.
Qual a anestesia para a cirurgia de Enxerto Ósseo?
Por acreditar que a melhor estratégia para recomposição óssea seja o osso autógeno, a cirurgia envolve duas áreas operatórias: uma área receptora e uma área doadora. Dessa forma, quando a quantidade de reposição óssea sugere a escolha por uma área doadora intra-bucal, a orientação é para realizar este procedimento sob anestesia local associada à sedação endovenosa (Leia mais em Sedação). Esta modalidade apresenta um conforto para o paciente e ausência completa de sensação de dor. Caso a escolha seja por uma área doadora extra-bucal, a cirurgia será realizada em ambiente hospitalar, sob anestesia geral. Em casos especiais, poderá ser utilizada apenas a anestesia local, a qual tem total capacidade de evitar a sensação dolorosa.
Qualquer pessoa pode se submeter à cirurgia de Enxerto Ósseo? Como todo procedimento cirúrgico, é necessário que o cirurgião faça uma pesquisa completa acerca do estado geral de saúde do paciente candidato a se submeter à cirurgia de enxerto ósseo. Ele deve apresentar boa saúde, passar por uma revisão dos exames laboratoriais e avaliação de risco cirúrgico (realizado pelo cardiologista). Além da revisão da saúde geral, será importante avaliar a saúde bucal. A recomposição óssea alveolar através da cirurgia de enxerto ósseo somente deverá ser realizada nos casos em que houver ausência de cáries, dentes fraturados, inflamações ou infecções gengivais. Ou seja, o paciente tem que estar em boas condições de saúde geral e saúde bucal.
Existe limite de idade para esta cirurgia?
Há limite mínimo. Não há limite máximo. Ou seja, a idade avançada não é contraindicação para a cirurgia do enxerto ósseo. Tendo uma boa saúde, o paciente poderá se submeter a esta cirurgia. Entretanto, a cirurgia não deverá ser realizada em crianças em fase de crescimento, pois poderá alterar o padrão de desenvolvimento ósseo. Geralmente a idade mínima para as mulheres é de 17 anos e para os homens é de 18 anos.
Existe rejeição na cirurgia do Enxerto Ósseo?
Decidindo-se por uma modalidade cirúrgica utilizando o osso autógeno (do próprio paciente) a chance é mínima, pois não há reação imunológica por se tratar do mesmo organismo. Entretanto, poderá haver perda do enxerto por processos inflamatórios ou infecciosos. Para minimizar a ocorrência de insucesso, escolha bem o profissional, obtenha o máximo de informações antes da cirurgia, siga as orientações do cirurgião e mantenha um acompanhamento durante todo o processo de cicatrização (em torno de 06 meses).