O início do uso dos anestésicos locais remonta à segunda metade do século XIX. Por volta de 1860, Albert Niemann isolou um alcaloide na forma cristalina que seria o primeiro anestésico local utilizado na prática clínica: a cocaína. Muito embora sua utilização venha caindo na prática anestésica, ainda podemos encontrá-la sendo usada em certos colírios anestésicos em países como os EUA. Outras drogas desenvolvidas no final do século XIX e início do século XX, como a procaína e a lidocaína, popularizaram as técnicas de anestesia local e permitiram o desenvolvimento da anestesia regional.
O que é anestesia local?
É o ato de suprimir os estímulos dolorosos através de um medicamento anestésico. Diz-se que uma anestesia é local quando ocorre infiltração de um anestésico local (por exemplo, a lidocaína ou Xylocaína) em uma determinada área do corpo, sem que ocorra bloqueio de um nervo específico ou plexo (nome dado a um conjunto de nervos) ou do neuroeixo (medula espinhal). A anestesia limita-se à área infiltrada pelo anestésico local. É largamente utilizada em nosso meio em cirurgia superficial (exemplo: cirurgias plástica e dermatológica), e em procedimentos circunscritos a áreas limitadas (extração de corpo estranho superficial, cirurgias odontológicas).
Trata-se de técnica segura se respeitados os limites de doses preconizadas para cada tipo de anestésico local e as características de cada paciente e do procedimento cirúrgico a que se destina.
Qualquer pessoa pode tomar anestesia?
Antes disso, a pessoa deve responder a um breve questionário de saúde, padronizado pela ASA (Sociedade Americana de Anestesiologia), que determina o risco anestésico e cirúrgico. Com base em suas respostas, o profissional terá condições de informar se ela está apta a submeter-se a tratamento odontológico com anestesia. É importante ressaltar que esse procedimento é muito seguro e que a variedade de medicamentos disponíveis proporciona muita segurança.
Existe contra-indicação para a anestesia?
Sim, e elas podem estar relacionadas ao agente anestésico ou ao vasoconstritor. Com relação ao vasoconstritor, os pacientes com pressão alta não tratada ou não controlada, doenças cardíacas graves, diabetes mellitus não controlada, hipertireoidismo, feocromocitoma, sensibilidade aos sulfitos e usuários de antidepressivos tricíclicos, compostos fenotiazínicos, cocaína e “crack”, têm limitações no uso de anestésicos. Dessa forma, torna-se muito importante que o paciente informe ao dentista sobre o uso de qualquer medicamento de uso contínuo ou controlado, além dos resultados dos seus últimos exames laboratoriais. Existem situações raras de reações alérgicas aos componentes anestésicos. Toda a história médica e odontológica deve ser informada para se evitar situações de emergência.
Existe idade máxima para tomar anestesia?
Com o passar da idade, muitas alterações podem aparecer, as quais podem contra-indicar ou não o procedimento. Como foi explicado no item acima, se o paciente apresentar algumas dessas alterações, o uso do anestésico pode estar temporariamente contra-indicado. Nesse caso, ele é encaminhado ao profissional médico habilitado e, após a sua liberação, o procedimento de anestesia é realizado.
Gestantes podem tomar anestesia?
Sim, o estado de gravidez não contra-indica o procedimento anestésico. Porém, se for possível, é mais aconselhável o uso da anestesia entre o terceiro e o sexto mês de gestação.
Existe o risco de reação alérgica como o choque anafilático?
Sim, porém é muito pequeno, uma vez que as respostas ao questionário de saúde orientam o profissional sobre o possível risco de choque anafilático.
Quais são os tipos de anestesia?
De uma maneira bem abrangente, a anestesia pode ser local, geral ou ainda sob sedação endovenosa. A anestesia local é administrada pelo cirurgião-dentista no próprio consultório. A anestesia geral deve ser feita pelo médico anestesista em hospital ou clínicas apropriadas A sedação endovenosa é realizada em consultório odontológico e é uma condição em que se combina a ação dos anestésicos locais (odontológicos – realizados pelo dentista) à ação dos medicamentos relaxantes (médicos – realizados pelo médico anestesista). A escolha pelo tipo de anestesia é feita pelo dentista, entretanto, é baseada na complexidade do tratamento e na opção do paciente pelo conforto e segurança.
O que é sedação consciente?
É um procedimento realizado pelo cirurgião-dentista e pelo médico anestesista, a fim de proporcionar maior conforto ao paciente, em casos de pacientes ansiosos ou com medo de ir ao dentista. Esse procedimento é realizado combinando-se a ação do anestesista (através de medicamentos relaxantes) com a do cirurgião-dentista (por meio de anestésicos locais), proporcionando conforto e eficiência anestésica em grandes procedimentos ambulatoriais.
Por que, às vezes, a anestesia demora mais para passar?
Provavelmente devido ao tipo de tratamento realizado. O profissional irá escolher o tipo de técnica, a quantidade e o medicamento. Nesse caso, quando o procedimento é simples, geralmente a anestesia passa rapidamente, ao contrário do que acontece em procedimentos longos, nos quais o profissional necessita de maior quantidade de anestésico.
Qual é a quantidade máxima de anestésico que se pode tomar?
Geralmente, os medicamentos são feitos para, em média, serem administrados 06 a 08 tubetes de anestésico em dose de segurança. Esta variação depende de qual a droga escolhida e da condição clínica do paciente. O fabricante estabelece uma dose de segurança baseado em um paciente saudável com peso médio de 70 quilogramas. Deve-se lembrar que o medicamento é composto pelo agente anestésico e pelo vasoconstritor. Em alguns casos, em que está contra-indicado ou restrito o uso do vasoconstritor, a quantidade deve ser diminuída.
Como eu posso tomar uma anestesia sem dor?
Quando se pensa em anestesia, a primeira lembrança é o desconforto devido à picada da agulha, mas isso não mais ocorre. Hoje, com os cuidados pré-anestésicos que envolvem desde a utilização de medicamentos tranqüilizantes até o uso de anestésicos tópicos fortes, o incômodo do procedimento de anestesia diminuiu muito, chegando a não ser notado, dependendo da relação de confiança entre o paciente e o profissional.
O tempo de duração de uma anestesia local varia conforme a região infiltrada, as características do anestésico empregado, bem como sua quantidade e concentração e as características individuais de cada paciente.